Lembro-me de ti, foi o primeiro dos últimos três livros que li. Honestamente, não sou grande fã de literatura policial seja ela nórdica ou de outro país qualquer. É um género que me aborrece porque a temática - em si - não tem nada de espectacular, ou como dizem os anglo-saxónicos, não tem nada de mind blowing. A receita é sempre a mesma e não há abordagens ou perspectivas diferentes.
Por norma começam com um crime (que depois pode variar em escala e em tipologia), depois entra o investigador traumatizado por uma tragédia pessoal (que pode ser da polícia ou outra coisa qualquer), e algures lá pelo meio daquelas páginas todas encontramos o prevaricador (que pode sofrer de uma ou várias patologias psiquiátricas).
No entanto, este livro - de Yrsa filha de Sigurd (que é o que significa o apelido da senhora) - apesar de conter, praticamente, os mesmos elementos que por norma me aborrecem, contém também elementos geradores de suspense que tocam o inexplicável e que num momento ou noutro nos deixam arrepiados. É uma obra que está muito bem escrita, está muito bem pensada, muito bem estruturada e as duas histórias que decorrem em paralelo e se vão lentamente interligando, estão muito bem conjugadas.
Outra coisa muito gira que este livro tem é que nos deixa, constantemente, com uma sensação de frio muito relacionada com as descrições dos cenários onde a história decorre (como deverão imaginar os Fiordes Islandeses não são, propriamente, conhecidos por terem um clima tropical), e estas descrições estão também muito bem feitas (principalmente se considerarmos que há outros autores nórdicos do género que não conseguem suscitar este mesmo efeito).
No geral, penso que é um excelente livro para todos os amantes do género policial. Para mim, trata-se apenas de um bom livro porque - logo à partida - incorre num aspeto negativo que é, exatamente, o facto de ser um policial.