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O Anãozinho de Jardim

Livros e Desvarios

O Anãozinho de Jardim

Livros e Desvarios

A Arte e a Escrita

HRM, 04.02.16

«Arte, proveniente do latim ars, significando técnica e/ou habilidade) pode ser entendida como a atividade humana ligada às manifestações de ordem estética ou comunicativa, realizada por meio de uma grande variedade de linguagens, tais como: arquitetura, desenho, escultura, pintura, escrita, música, dança e cinema, nas suas variadas combinações.

O processo criativo dá-se a partir da percepção com o intuito de expressar emoções e ideias, objetivando um significado único e diferente para cada obra.

Numa visão muito simplificada, arte está ligada principalmente a um ou mais dos seguintes aspectos:
  •  manifestação de alguma habilidade especial;
  •  criação de algo artificial;
  • Desencadear algum tipo de resposta no ser humano, como a sensação de prazer ou beleza;
  • apresentação de algum tipo de ordem, padrão ou harmonia;
  • transmissão de uma sensação de novidade e algo inédito;
  • expressão da realidade interior do criador;
  • comunicação de algo sob a forma de uma linguagem especial;
  • noção de valor e importância;
  • exercício da imaginação e a fantasia;
  • indução ou comunicação de uma experiência-pico;
  • coisas que possuam reconhecidamente um sentido;
  • coisas que deem uma resposta a um dado problema. »
In Wikipédia.

E isto, é o blá blá blá que encontram por aí espalhado e que de hoje em dia serve para justificar muita inutilidade e trivialidade sem qualquer tipo de sentido ou objetivo.
 
A arte é a expressão máxima da criatividade humana. É a exteriorização do mundo interior do artista, sendo que este processo é  uma relação dinâmica entre o sujeito e o seu objecto. Ora, nesta perspetiva temos de admitir que quando escrevemos, estamos - em primeiro lugar - a escrever para nós e só depois é que estamos a escrever para os outros. Com os outros apenas estamos a partilhar um pedaço do nosso mundo, através de um meio que, por acaso, pode ser um texto. Neste processo de partilha com o outro, também estamos a fazer outra coisa, que é integrar o outro no nosso universo. Esta é uma integração ocorre através das personagens e das suas vivências. Quando o outro se vê refletido nas vivências dos personagens, então sabemos que estamos a ser bem sucedidos.
 
Agora fazer isto é obra, porque juntar letras toda a gente - minimamente alfabetizada - consegue mas, isso não é o suficiente para nos transformar num escritor.   

A leitura e as crianças

HRM, 15.01.16

Aqui há um par de dias, dizia-me uma seguidora do Anãozinho, na página do facebook, que já não sabia como fazer para que os seus sobrinhos gostassem de ler, tanto como ela. Gostava que eles tivessem imaginação e que, como ela, pudessem ver um mundo através dos livros. Em resposta, sugeri-lhe que contasse histórias porque, normalmente, funciona bem com as crianças mais pequenas ao que ela respondeu que havia tentado mas nem assim tinha funcionado.

Os garotos estavam agarrados aos iPads, tablets e/ou smartphones. Para a mãe era mais fácil entretê-los assim e - verdade seja dita - a criançada fica muito mais sossegadita. Não discuto a opção de tantos pais e tantas mães. Estou certa que depois de um dia de trabalho, chegarmos a casa e ainda despender de energia para, não só, alimentar toda a gente e ainda ter a preocupação de pôr os petizes a ler, não é fácil. Compreendo que seja muito mais simples colocar os miúdos à frente da televisão, ou pô-los agarrados a um pedaço de tecnologia, enquanto se trata do resto dos afazeres domésticos, do que ter a ambição de contribuir para o desenvolvimento intelectual e cognitivo da criança.

Senhoras e senhores, presumo que ensinem às vossas crianças que nem sempre o caminho mais fácil é o mais adequado, ou é o mais desejável e se assim é então porque lhes dão o exemplo errado? Deixem que as crianças sejam crianças, deixem que elas brinquem, criem e imaginem o mundo, ou os mundos, delas. Não lhes reduzam a visão agrilhoando-as precocemente às tecnologias. A vida encarrega-se disso naturalmente e a criatividade e imaginação são duas das aptidões imprescindíveis para a sociedade do século XXI. Promovam nos miúdos o gosto pela leitura, encorajem-nos a viajar para outros sítios através das páginas de um livro, deixem-nas descobrir outros mundos e viver tantas vidas quanto aquelas que elas quiserem. Deixem-nas tocar, manusear e sentir um livro.

Se fizerem uma breve pesquisa no Google vão encontrar inúmeros websites e blogues com dicas e sugestões para estimular as crianças - de vários níveis etários - a ler. A leitura não tem de ser uma coisa chata e enfadonha, nem contar histórias deve ou tem de ser um ato de sacrifício tudo depende da vossa vontade, do vosso dinamismo e da capacidade que têm em interagir com os vossos miúdos. Não pensem, nem assumam, que eles vão aprender a gostar de ler na escola. A escola, pode fazer (e faz) muita coisa por eles mas, nunca poderá fazer o vosso trabalho.

IGAC vs a Pirataria malvada

HRM, 05.01.16
Com certamente já terão - em muitos casos - notado, o IGAC (Inspeção Geral de atividades culturais/ Portugal) mandou bloquear o acesso a 51 sites de torrents. Não lhes vou chamar sites piratas, e é aliás uma denominação que me recuso a utilizar porque se uns são piratas, então andam por aí à solta muitos corsários com livre trânsito e como tal penso que prefiro não entrar nessa discussão.

Confesso que esta decisão judicial é chata e aborrecida mas, como aqui somos a favor tanto da democratização cultural, como do respeito pelos devidos autores e acreditamos que ambas podem coexistir pacificamente, temos a dizer que há sempre forma de dar a volta à coisa, independentemente, de todas as atualizações que os ISP's/Operadoras de internet  possam fazer.

Uma das hipóteses chama-se TOR e é gratuita mas um pouco lento. É um browser como outro qualquer mas que diz que o vosso computador está noutro sitio qualquer que não onde, realmente, estão.


E uma outra hipótese - que não é gratuita - chama-se Freedome. Faz o mesmo que o TOR e mais umas coisitas adicionais, de uma forma bastante mais rápida e muito mais segura. Com a subscrição de um ano podem instalá-lo em 3 máquinas diferentes e adeusinho bloqueios geográficos e afins.

 
 
Eu utilizo os dois e estou bastante satisfeita com ambos. ?
?

Revista Estante

HRM, 11.04.15
No outro dia comprei a Revista Estante, que é uma publicação da FNAC. Já tinha visto alguns outdoors publicitários mas, nunca tinha tropeçado na revista propriamente dita até há passada 3ª feira, quando entrei na loja da minha mãe e lá estava ela (a revista) a olhar para mim.

A-D-O-R-E-I a revista!... e o "Narciso" que há em mim achou que a tinham feito deliberadamente só para ele.


O que é que gostei na revista:

  • o grafismo;
  • o layout;
  • a arrumação do conteúdo;
  • o próprio conteúdo (obviamente, senão não falava da Revista);
  • o estilo de escrita (acessível, não pretensiosa, informativa).
É, sem dúvida, uma excelente aquisição para quem é apaixonado por livros e para quem é apaixonado por Arte & Cultura em geral.


A Estrela do Diabo (Jo Nesbo) - Opinião

HRM, 02.01.15
E cá vai mais um livro do género policial (nórdico), escrito por um autor Norueguês e que, muito basicamente, escolhi lê-lo só por causa do título.
 
É uma trama interessante, bem redigida mas, não tem nada a ver com anjos, diabos ou qualquer outro tipo de criaturas sobrenaturais. Tem uma crítica bestial, segue o modelito do costume do "policia-afetado-pela-tragédia-pessoal-e-refugiado-na-bebida" que, enquanto tenta resolver o seu drama, tem também de ir atrás de um assassino psicótico que tem o péssimo hábito de deixar diamantes vermelhos em formato de estrela nas suas vítimas e também lhes corta um dedo.
 
Conclusão, não tem rigorosamente nada de fantástico e é uma óptima escolha para os fãs deste género de literatura. Para os outros, é uma grande seca independentemente do estilo.
 
Não pensem que só gosto de literatura fantástica, não é de todo verdade os meus gostos até são bastante ecléticos mas, de facto, a literatura policial para mim é quase como se fosse uma espécie de um instrumento de tortura que só é ultrapassado pelos livros da Margarida Rebelo Pinto (uma excelente senhora, tenho a certeza mas cada vez que me lembro dos seus 2 primeiros livros tenho vontade de cortar os pulsos).  
 
 

Lembro-me de ti (Yrsa Sigurdardóttir) - Opinião

HRM, 31.12.14
 
Lembro-me de ti, foi o primeiro dos últimos três livros que li. Honestamente, não sou grande fã de literatura policial seja ela nórdica ou de outro país qualquer. É um género que me aborrece porque a temática - em si - não tem nada de espectacular, ou como dizem os anglo-saxónicos, não tem nada de mind blowing. A receita é sempre a mesma e não há abordagens ou perspectivas diferentes.

Por norma começam com um crime (que depois pode variar em escala e em tipologia), depois entra o investigador traumatizado por uma tragédia pessoal (que pode ser da polícia ou outra coisa qualquer), e algures lá pelo meio daquelas páginas todas encontramos o prevaricador (que pode sofrer de uma ou várias patologias psiquiátricas).

No entanto, este livro - de Yrsa filha de Sigurd (que é o que significa o apelido da senhora) -  apesar de conter, praticamente, os mesmos elementos que por norma me aborrecem, contém também elementos geradores de suspense que tocam o inexplicável e que num momento ou noutro nos deixam arrepiados. É uma obra que está muito bem escrita, está muito bem pensada, muito bem estruturada  e as duas histórias que decorrem em paralelo e se vão lentamente interligando, estão muito bem conjugadas.

Outra coisa muito gira que este livro tem é que nos deixa, constantemente, com uma sensação de frio muito relacionada com as descrições dos cenários onde a história decorre (como deverão imaginar os Fiordes Islandeses não são, propriamente, conhecidos por terem um clima tropical), e estas descrições estão também muito bem feitas (principalmente se considerarmos que há outros autores nórdicos do género que não conseguem suscitar este mesmo efeito).

No geral, penso que é um excelente livro para todos os amantes do género policial. Para mim, trata-se apenas de um bom livro porque - logo à partida - incorre num aspeto negativo que é, exatamente, o facto de ser um policial.