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O Anãozinho de Jardim

Livros e Desvarios

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Anjos e Demónios - parte I: Lilith

HRM, 23.05.13
Como não-baptizada que sou, tenho uma perspectiva muito própria da religião. Aliás, é uma perspectiva tão própria que - se ainda vivêssemos em tempos idos - eu devia ter a cara escarrapachada em todos os cartazes, de todas as religiões, a dizer: "Procura-se viva ou morta, de preferência morta para não dar trabalho".
 
Esclarecendo brevemente a minha posição religiosa, abomino e desprezo toda e qualquer religião que não defenda a igualdade de géneros e que perpétue a ideia da submissão feminina ao masculino. Para mim, todos os princípios que assentem nesta perspectiva submissão e subserviência, não só, não devem ser respeitados, como também, devem ser combatidos. Em relação a este aspecto em particular, a única coisa que poderão - eventualmente - esperar da minha pessoa é uma espécie de tolerância limitada. Se não me tentarem impingir a história da carochinha, eu também não chamarei ninguém de hipócrita. Assim sendo, como já poderão imaginar, as grandes religiões como o cristianismo, islamismo ou judaísmo estão completamente riscadas do meu livrinho porque logo de início, a histórinha começa mal.
Então, como é que começa a história? Bom, a histórinha começa com o Adão e a Eva no jardim do paraíso... PÁRA TUDO!!!... "Rewind"... A histórinha, na realidade, começa com o Adão e a Lilith no jardim do paraíso, ambos construídos do mesmo barro/terra ou "whatever" e a vidinha até corria bem ao nosso jovem casal, porque no jardim onde viviam não tinham um troll como Ministro das Finanças e a taxa de desemprego não estava nos 18%. No entanto, como nada na vida é perfeito, o Adão - inconformado com a recusa de Lilith em se submeter ao seu domínio (grande gaja! Afinfa-lhe) - foi fazer queixinhas a Deus, o que - note-se - revela uma grande maturidade por parte do Adão. Ao primeiro arrufo de casal, vai a correr para casa do pai fazer queixinhas. Depois, vêm uns tipos e escrevem umas coisas a dizer: "Ah e tal, coitadinho do Adão, a mulher fugiu". Fugiu??... E fugiu muito bem. Muita sorte teve o Adão em lhe aparecer uma Lilith pela frente, porque se fosse outra qualquer tinha-lhe dado um pontapé nos túbaros e arrumava-se de vez a questão.
 
Mas, não... Foi fazer queixinhas ao pai... Compadecido pelas dores do filho - o pobrezinho - lá de uma costelita do Adão, Deus resolveu criar uma nova namorada para o rapaz e chamou-lhe Eva. Uma "piquena" muito mais prendada, muito mais querida, muito mais fofa e de longe, muito mais submissa  que a anterior.
 
Agora é assim, na boa, relações a três só funcionam quando os três querem e têm disponibilidade mental para aceitar tal situação e neste triângulo amoroso, não me parece que os personagens tivessem abertura para tanto. Daí que a Lilith ficou zangada (e com alguma razão), e os outros dois marmelos lá andavam na sua vidinha estúpida até a Eva morder a maçã (bem feita! E se tivesse sido como na Branca de Neve, marrava com os cornos no chão e tinha ficado a dormir).
 
Bom, mas resumindo esta coisada toda, a Lilith foi banida e - basicamente - demonizada porque se recusou a ser submissa e os outros dois patêgos, acabaram por ser expulsos do jardim do paraíso porque a Eva mordeu a maçã. Mais uma vez, se o nosso querido Adão já tinha sido coitadinho antes, é coitadinho novamente porque a culpa da cena da maçã foi da Eva. O Adãozinho, coitadinho, pobrezinho, não fez nada. Não... foi a correr para o pai, fazer queixinhas e pedir uma namorada nova, mas na boa... o coitadinho não teve culpa de nada.
 
Portanto... só para concluir... há por aí umas religiões que dizem basicamente isto: «Submetam-se a gajos que vão a correr fazer queixinhas ao pai quando a relação corre mal". Fantástico... muito bom... hmmm, hmmm... é que há sociedades inteiras construídas com base nisto. É mesmo muito bom.        

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