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O Anãozinho de Jardim

Livros e Desvarios

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Sobre exercícios de escrita

HRM, 18.02.19

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Hoje vinha a conversar com um colega meu acerca de "trabalhos de casa" quando se está a aprender uma língua nova. Neste caso, não estamos propriamente a falar de crianças ou adolescentes, estamos a falar de aprender ou melhorar uma língua estrangeira quando já somos adultos e então ele vinha a questionar-se sobre a pertinência dos exercícios repetitivos sobre tempos verbais ou os famosos fill in the gaps. Efetivamente não sei responder sobre a pertinência dos exercícios, porque depende muito do nível de cada um, mas há uma coisa que eu sei; para aprender uma língua (seja ela qual for), há duas coisas imprescindíveis:

 

  1. Ler (muito),
  2. Escrever.

 

Quando eu andava a estudar inglês haviam dois exercícios que adorava fazer. Um deles era a composição, de preferência num estilo livre. O outro era para praticar a oralidade e neste exercício mostravam-nos imagens pediam-nos para as descrever. A minha preferência recai sobre a combinação destes dois, que é escrever sobre a imagem que vemos. Basicamente, contamos a história do que estamos a ver e eu sempre achei isto absolutamente fantástico. 

 

Por este motivo eu coloquei essa imagem em cima. Podia ter escolhido - sei lá - uma batalha, uma cena mais épica, uma praia com piratas ou qualquer coisa assim do género, mas não. Escolhi esta ilustração porque - para mim - parece que não se passa nada. É apenas uma rapariga, que aparenta algum cansaço e parece ter sofrido alguns ferimentos. Está sentada num parapeito, agarrada a uma espada e daquele sítio é possível ver uma cidade com o céu ou nublado, ou coberto de fumo. Não parece ser uma cidade em ruínas, ou pelo menos não ainda, mas isto dependerá em grande parte do tipo de nuvens que estamos a observar.

 

As imagens contam sempre uma história e escrever sobre essa história é sempre um bom exercício para se praticar a escrita. 

 

Grupos de escrita - Sim ou Não?

HRM, 15.01.19

Grupos de escrita.png

No passado fim-de-semana tivémos um casal amigo lá em casa, à partida tratou-se de um evento perfeitamente normal exceptuando o facto de ter sido a primeira vez que os conheci. Ambos são finlandeses e mudaram-se para Portugal recentemente porque de todos os currículos que enviaram para vários países, Portugal foi o primeiro país a contactá-los para oferecer um emprego. Foi assim que conheceram o meu marido e foi assim que foram parar lá casa.

 

A meio da conversa, Noora - que tem um Mestrado em Arte e Literatura - queixou-se que na Finlândia não havia ofertas para pessoas que tivessem Mestrados nesta área e por isso em vez que ficarem na Finlândia a receber o subsidio de desemprego (que é pouco mais do que o salário mínimo em Portugal), resolveram vir para cá porque mesmo que o salário não seja grande coisa acharam que sempre era melhor do que ter um buraco temporal no currículo. A partir daqui a conversa descambou para os livros e para a escrita, uma vez que ambos adoram ler e escrever, sendo que ela acabou por confessar que aquilo que ela gostava de ser era escritora e daí o Mestrado. Vai daí, o "chibo" do meu marido apontou para mim e logo disse "Ah que giro! Ela também". Pronto estava o palco montado.

 

Falámos sobre imensas coisas, desde o género de literatura que mais gostávamos, a ideias para histórias, a detalhes sobre se se deve escrever tudo e depois editar ou ir escrevendo e editando, ao fatal bloqueio (que acaba com qualquer um e eu estou numa fase dessas). A propósito disto dizia-me ela que uma das melhores formas que conhecia para se ultrapassar este pequeno problema (e outros) eram os grupos de escrita. Nestes grupos os seus elementos, basicamente, escrevem uns para os outros e dão feedback uns aos outros, ou seja, ajudam-se. Aprendem mutuamente. Eu confesso que já tinha ouvido falar disto, mas nunca fiz parte de nenhum. Se me perguntarem porquê, honestamente, não sei. Talvez por vergonha, ou por achar que tudo aquilo que escrevo não é suficientemente bom, ou porque não quero partilhar, ou em última análise porque tenho medo da crítica. O mais provável é este último elemento ser aquele que tem mais peso e  o que mais corresponde à verdade, mas ainda não me dei tempo para pensar a sério sobre isto. 

 

Em suma, no final disto tudo a Noora sugeriu que começássemos então um grupo. É verdade que ela não fala nem escreve português e o meu finlandês só dá para dizer que "O cão está em cima do telhado", mas ambas falamos e escrevemos bem em inglês por isso poderíamos começar por escrever pequenas histórias. Curiosamente, gostei imenso da ideia e até acho que é um desafio bastante interessante. Assim sendo, penso que vou aceitar a proposta e dar o meu "sim" a um grupo de escrita, pois até pode ser que saia daqui alguma coisa interessante.     

Escrevendo Ficção - Curso online gratuito

HRM, 23.03.17
Ir para o curso

Hoje vou sugerir-vos um curso para começar a escrever ficção. Neste caso a minha sugestão - para quem quer começar a escrever ficção -  passa pelo curso online " Start writing fiction" da britânica  Open University .

O curso é simples e está bem desenhado, mas é em língua inglesa e agora perguntam-me vocês; Então mas não há cursos em português? Ora bem... haver, haver, há. Desde que estejam dispostos a pagar. Em modo de acesso livre, em língua portuguesa, não existe grande coisa e acreditem quando digo que não existe grande coisa porque esta é uma pesquisa que faço, com regularidade,  há muitos anos e verifico que continua a existir muito pouca oferta nesta área específica, sendo que aquela que, eventualmente, existe é ainda muito fraca quando comparada com a oferta disponível em língua inglesa.

Por isso, prefiro sugerir-vos algo com mais qualidade ainda que em língua inglesa. Quando este panorama se alterar, eu aviso já que é algo a que o anãozinho está atento.      

Atlântida, porque não?

HRM, 09.02.17


Tal como a tantos outros antes de mim, a temática da Atlântida sempre me fascinou, quanto mais não seja por ser referenciada, pela primeira vez, pelo filósofo Platão no diálogo "Timeu e Crítias" (especificamente na narrativa de Crítias), no ano 360 A.c.

Curiosamente, eu andava à procura do texto em Português - para que também pudessem ler, já que eu tenho uma tradução em inglês do MIT - mas os textos que encontrei não são uma tradução do original, são sim uma interpretação do que academicamente acham que Platão quis dizer com a história que conta nuns casos, e nos outros casos são uma interpretação extraordinariamente livre e criativa daquilo que acham que o Platão estava dizer sendo que até acrescentam coisas que não constam da tradução do texto original. Por isso, não posso exactamente encaminhar-vos para uma versão em português do texto mas, poderão eventualmente consultar a versão disponibilizada pelo MIT (aqui), se assim o desejarem. 

Praticamente toda gente já trabalhou e explorou a temática da Atlântida. Há uma quantidade gigantesca de filmes, séries e livros sobre isto e este facto sempre foi - para mim - uma limitação visto que a pergunta que eu colocava era: "Porque diabos haveria eu de escrever sobre uma coisa cuja qual já toda a gente escreveu?" Até que recentemente tive uma espécie de rebate de consciência e a pergunta modificou-se. 

Atlântida, porque não?

Certo que já toda a gente escreveu sobre ela mas, também já toda a gente escreveu sobre vampiros, sobre bruxas, sobre lobisomens, sobre zombies, sobre contos de fadas alternativos, sobre as próprias fadas, sobre elfos, sobre dragões... quer dizer, assim de repente todo o universo da literatura fantástica foi-se construindo e constrói-se com todos os contributos de todos aqueles que ousam a escrever sobre o que gostam e lhes interessa, independentemente, de já se ter escrito ou não sobre a matéria em causa. 

Isto foi, basicamente, o pontapé de saída que deu o enquadramento necessário a este meu novo projecto e que eu espero - em algum momento - vir a ter oportunidade de partilhar convosco. 

Por isso, sim, vou então escrever sobre a Atlântida... ou sobre o que sobrou dela, quase 11.000 anos depois do cataclismo que a assolou. 

Novo projecto de escrita

HRM, 07.02.17


Pois é verdade, tive um acesso de criatividade no Domingo passado quando fui ver o filme Rogue One (mais um da saga Star Wars), e contruí a estrutura completa de uma nova história.

Poderão vocês pensar: "Aaaaah mas isto está em inglês..."; pois está. Decidi que esta seria a língua de trabalho porque me fazia mais sentido que assim fosse, o que não significa que não possa traduzi-la posteriormente para português mas, a base do trabalho vai ser em inglês.

Por outro lado, ao contrário do habitual, comecei de facto pela estrutura da história e não pelo seu conteúdo. No fundo criei um mindmap para saber para onde vou mesmo que tenha a possibilidade de virar a estrutura de pernas para o ar. Para mim, isto acaba por ser uma espécie de inovação no meu funcionamento já que sempre escrevi ao sabor da caneta. Ia para onde esta me levasse mas, o problema é que muitas vezes ela - a caneta - não me levava a lado nenhum.

Assim sendo, vamos ver como é que esta experiência corre uma vez que eu até gostaria que esta fosse bem sucedida.

✯ O Mito de Hades e Persefone nos dias de hoje ✯ Exercício

HRM, 29.02.16


ZEUS: " Pensava que tinha ficado claro que tínhamos uma política de não-abdução"

HADES: "Ela não estava a cooperar. Esperavas que eu fizesse o quê?"

Pois é verdade, as coisas já não são o que eram e eu, na verdade ia publicar o pequeno conto da "Vivi e do Zeka" mas, entretanto encontrei este diálogo entre Zeus e Hades e mudei de ideias.

A propósito do mito, lembrei-me que nos dias que correm, o exercício de andar por aí a raptar pessoas é um empreendimento que na generalidade dos casos termina mal mesmo quando os envolvidos são Deuses.

É aliás, tanto pior, quando os envolvidos são Deuses. Isto porque convencer um agente da autoridade que estamos perante um ou mais elementos do divino - sejam eles de que panteão forem - tem uma alta probabilidade de ser entendido como um surto esquizofrénico, ou uma alteração de personalidade do sujeito que acabará, por certo, com um casaquinho branco vestido daqueles em que as mãos se atam às costas.

Todavia, reescrever o mito de Hades e Perséfone adaptando-o aos dias de hoje pode ser um exercício criativo bastante divertido. 

Breve introdução ao conto da "Vivi e do Zeka"

HRM, 25.02.16
Ilustração de Bec Winnel


Ora bem, a pedido de várias famílias (neste caso, da Elena) e antes de publicar o pequeno conto da "Vivi e do Zeka", tenho de vos explicar um pouco do contexto em que decorre a história. Assim sendo, a trama (ou o drama) entre estas duas personagens vem na sequência de um jogo de Roleplay, que eu e a minha amiga jogávamos por email (e eu não era o mestre de jogo, felizmente).

Aquilo era uma coisa um bocado diferente, um universo bem alternativo derivado de uma mistura entre Dungeons&DragonsForgotten Realms, que começava no presente mas depois íamos todos parar à Terra da Fantasia, onde existia toda aquela panóplia de criaturas extraordinárias. Confesso que naquela altura não conhecia nada sobre os Drow (sim porque existem Drows na história), nem sabia o que é aquilo era mas, depois de participar nesta história passei a perceber mais um pouquinho.

Passemos então à explicação sobre quem era quem:
  • a Vivi (de seu nome Viviane e jogada pela minha amiga) era a irmã gémea da Lili (de seu nome Liliane e jogada por euzinha) e as moças trabalhavam numa florista. Nenhuma delas tinha grandes atributos, a Vivi era um doce de pessoa mas tinha uma enorme queda para o desastre. A Lili era ao contrário, não era inclinada para o desastre mas tinha um temperamento do cão.

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Arte de Mathia Arkoniel
  Zeka, foi o nome que demos a Zekaufein Noquana (uma personagem jogada por um outro jogador), um jovem Drow que queria ser um assassino (quando fosse grande e se não morresse entretanto) e que achava que a vida lhe corria mal porque não conseguia matar esquilos, nem qualquer outro tipo de animais - comumente - considerados fofinhos.

A verdade é que ele tinha toda razão para achar que a sua vida estava mal encaminhada porque, considerando os elevados standards obscuros da sociedade Drow, era um verdadeiro milagre o pobre Zeka ainda estar vivo. Como ele tinha consciência disto, assim quando lhe foi dada a oportunidade de ir à superfície - com um grupo - pilhar e saquear ele aproveitou. Era a hipótese que ele tinha para provar que, aos olhos da sua sociedade, não era nenhum inútil.

Portanto, quando ele achava que nada mais de errado lhe podia acontecer na vida e a partir de agora só podiam acontecer coisas boas, eis que lhe cai a Vivi em cima. Literalmente. Caiu a Vivi, caiu a Lili, caiu toda a gente.

Até hoje não sei muito bem qual era a ideia original do mestre de jogo mas, penso que ele não ponderou muito bem as consequências de ter uma personagem azarada na história. Tirando isso, foi um jogo bastante divertido até porque, de acordo com os relatos (de outros jogadores mais habituados a jogar com personagens Drow), nunca tinham visto nenhum Drow ser tão tripudiado com o pobre do Zeka.